Essa vontade de viver
Hoje senti uma urgência de mim. Como se algo dentro gritasse por existência. Mas não uma existência comum, dessas que tomam café e respondem e-mails. Uma existência gritada, suada, com cheiro de vida. Daquelas que amam sem medida e se arrependem depois ou nunca.
Como cantou um certo poeta: “o tempo não para.” Mas às vezes ele escorre tão devagar por dentro, que parece sangrar. Há dias em que acordo com a alma no volume máximo. Sou exagero, sou excesso. Quero o que não me serve mais, mas mesmo assim insisto. Porque tenho essa mania antiga de me apegar ao que já morreu. Sou desses que guarda flores murchas em livros que nunca termina de ler.
O mundo me exige rótulos, metas, horários, mas sinto que não tenho disciplina para ser infeliz. Quero o erro, o impulso, o desespero, o beijo errado na hora certa. Quero aquilo que não se vende: a verdade. Já tentei caber nas formas, mas “as ideias estão no chão. Você tropeça e acha a solução”. E eu tropeço tanto. Sou tropeço. Mas prefiro cair por ser quem sou do que viver de pé sendo outro.
Hoje eu me amei em segredo. Sem aplausos, sem likes, sem ninguém ver. Afinal, “sentir já é uma forma de existir”. E eu sinto. Deus sabe como eu sinto. No fundo, eu sei que sou apenas uma tentativa de mil coisas. Mas pelo menos sou tentativa. Não sou pose, nem mentira. E mesmo com medo, continuo. Porque no meu peito bate um coração que não aprendeu a desistir. E quero viver “umas loucuras a mais.”
Reflexões a partir do filme Homem com H, do Ney, que revi na Netflix, e depois me peguei ouvindo Ney, que caiu no Cazuza, que cai em mim.